Recentemente, o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, anunciou que a rede deixará de comercializar carnes oriundas do Mercosul. Segundo ele, a medida busca atender às exigências da nova lei antidesmatamento da União Europeia (UE) e, ao mesmo tempo, facilitar a aprovação do acordo de livre comércio entre o bloco e os países sul-americanos.
Embora o Carrefour tenha assegurado que essa decisão não impactará as operações no Brasil, a declaração repercutiu qualidades no país, levando a manifestações de produtores rurais, autoridades e consumidores.
Carne brasileira: qualidade e compromisso com o meio ambiente
A agropecuária brasileira é reconhecida mundialmente por sua qualidade, sanidade e sustentabilidade. O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de aves do planeta, mantendo relações comerciais com cerca de 160 países. Essa posição de destaque só é possível graças ao rigoroso sistema de Defesa Agropecuária, que atende aos mais altos padrões internacionais, incluindo os da União Europeia.
Além disso, o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. A produção de carne no país é rastreável e transparente, com tecnologias que garantem o cumprimento das normas ambientais e sanitárias. É importante lembrar que, mesmo sob os critérios da nova lei antidesmatamento da UE, os sistemas de rastreabilidade brasileiros já estão adequados para garantir conformidade e qualidade.
Decisão ou protecionismo?
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) foi categórico ao rechaçar as declarações de Alexandre Bompard. Para o Mapa, a decisão do Carrefour França não tem embasamento técnico e pode ser interpretada como uma medida protecionista, que busca dificultar o fortalecimento das exportações do Mercosul para a Europa.
A postura é ainda mais preocupante porque desconsidera os esforços do Brasil em garantir uma produção sustentável e transparente, além de ignorar o impacto econômico que decisões unilaterais podem causar em países exportadores.
O Princípio da Reciprocidade
A decisão do Carrefour França também levanta um ponto relevante sobre o princípio diplomático da reciprocidade. Diante dessa postura, abre-se espaço para que as redes varejistas brasileiras reavaliem a comercialização de produtos franceses no Brasil.
Vale destacar que o Carrefour tem no Brasil seu segundo maior mercado mundial em faturamento. Isso torna ainda mais emblemática a importância de um diálogo equilibrado e justo entre as partes. Medidas que impactam a competitividade brasileira no mercado europeu podem gerar consequências para as cadeias varejistas estrangeiras que operam no Brasil.
O Brasil é um dos pilares da segurança alimentar mundial, contribuindo para a alimentação de bilhões de pessoas com alimentos saudáveis, seguros e produção de forma sustentável. A decisão do Carrefour França não apenas ignora essa realidade, como também subestima a capacidade do Brasil de liderar práticas agrícolas inovadoras e comprometidas com o meio ambiente.
O país continuará defendendo a qualidade de sua produção agropecuária e combatendo iniciativas que tentem desmerecer sua relevância no cenário global.
A decisão do Carrefour França de não comercializar carnes do Mercosul levanta questionamentos sobre as verdadeiras motivações por trás de medidas protecionistas. Apesar disso, o Brasil segue firme em seu compromisso com a sustentabilidade, a qualidade e a sanidade de seus produtos, mostrando que está à altura dos desafios por impostos cada vez mais exigentes.
O diálogo e a reciprocidade são caminhos fundamentais para fortalecer as relações comerciais e garantir que a excelência da produção brasileira continue sendo reconhecida e valorizada no cenário internacional.
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